1. A dinâmica da condição humana;
  2. A virtude como inclinação para o bem;
  3. A prudência como ponto de encontro entre a ação e o conhecimento; 
  4. As virtudes são essenciais para a realização existencial do homem.

Aristóteles, um dos filósofos mais influentes da antiguidade, concebeu a virtude como um meio termo entre dois extremos de excesso e deficiência, conhecido como o "justo meio". As virtudes seriam então disposições adquiridas que permitem aos indivíduos agir de acordo com a reta razão e, assim, alcançar a eudaimonia, isto é, a vida plena, também chamada de realização integral das potências humanas ou florescimento humano.

A dinâmica da condição humana

É importante levantarmos uma reflexão sobre a natureza dinâmica dos seres humanos. Todo homem tende a um fim, no qual se aperfeiçoa e se plenifica. E, sendo a pessoa humana um ser que age, esta tendência a um fim molda e estrutura a sua ação, que sempre apontará em direção ao fim. Não obstante, o homem é um ser livre e, considerando que sua inteligência e sua vontade não são completamente isentos de debilidades, é possível que ele se aproxime deste fim, aperfeiçoando-se, ou se afaste dele. Esse movimento constante de busca por algo melhor (de algo mais de acordo com seu fim) e de fuga daquilo que lhe é prejudicial (daquilo que está em desacordo com seu fim) é central para a compreensão da virtude. A plenitude, seja física ou espiritual, é vista como um objetivo universal da existência humana, onde cada ação pode ser avaliada a partir de sua coerência (ou não) com uma finalidade última.

A virtude como inclinação para o bem

A virtude é uma qualidade adquirida por meio das ações e comportamentos, uma inclinação para o bem e para agir corretamente. Este conceito ressoa profundamente com a visão aristotélica, em que a excelência moral é alcançada pelo hábito e pela escolha deliberada em favor do justo meio. A sinceridade, a justiça e a coragem são exemplos que ilustram como as virtudes aperfeiçoam faculdades humanas, como a vontade e a inteligência, guiando os indivíduos para o bem comum.

Enquanto as virtudes morais, como a coragem e a justiça, estão ligadas ao caráter e ao comportamento ético, as virtudes intelectuais, como a sabedoria e a prudência, aperfeiçoam a mente e o raciocínio. Essa secessão destaca a compreensão aristotélica de que a excelência humana requer tanto a retidão moral quanto a excelência intelectual.

A prudência como ponto de encontro entre a ação e o conhecimento

Notavelmente, a prudência - phronesis - é apresentada como uma virtude que une teoria e prática, direcionando a razão para a melhor ação possível. Este aspecto é crucial para a ética aristotélica, pois enfatiza a importância da deliberação e da escolha consciente na condução de uma vida virtuosa. A prudência permite aos indivíduos avaliar as ocasiões e agir de forma a promover seu próprio bem e o da comunidade.

As virtudes são essenciais para a realização existencial do homem

Por fim, a reflexão sobre as virtudes aristotélicas e a busca humana pela plenitude revela uma visão de mundo profundamente enraizada na noção de equilíbrio. Através do estudo das virtudes, é possível perceber a importância de cultivar um caráter ético e uma mente afiada, ambas essenciais para a realização humana. Nesse caminho, a virtude não é apenas um meio para um fim, mas a própria essência de uma vida boa.